segunda-feira, julho 24, 2006

Ao inferno com vocês!

segunda-feira, julho 24, 2006
De repente, me vi cercada de semi deuses; de pessoas perfeitas, infalíveis! De repente, todos meus amigos passaram a me criticar - Deus como me criticam! - porque, de acordo com eles, eu não sou mais eu, minhas atitudes são erradas e meus sonhos não existem mais.

Pensei em escrever-lhes algumas palavras, mas acho que tudo não passaria de puro plágio do meu mestre Fernando. Sendo assim, meus queridos amigos, o poema que segue é completamente destinado à vocês, senhores perfeitos, isentos de egoísmo e falsidade, amigos idoneamente filhos da puta que me enchem o saco por míseras migalhas e me abandonam em seguida, porque pra vocês tudo gira em torno da conveniência. Vossa conveniência.


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...Poema em Linha Reta...
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Fernando Pessoa(Álvaro de Campos)

11 comentários:

Anônimo disse...

relaxa.
amigo que é amigo não t enche o saco por vc ser vc mesma.

bjo

Leósias disse...

Nossa, vou te mandar por mail um texto hj a noite vc vai amar. Ou dar boas risadas pelo menos.

E só p/ vc ver q tem gente tosca no mun do ainda, dá uma bizoiada nisso: http://bullshit2005.blogspot.com/2006/06/nada-como-um-banho-de-realidade.html

Bjim e saudades...

Anônimo disse...

Bruninha, eu não li o poema. ;-)

Anônimo disse...

Não se deixe abalar. É na base da porrada que o bom metal se forja!

Abraços e ótima terça-feira.

DB.

Anônimo disse...

Ae mina, Va a merda

Anônimo disse...

Ai Bruninha, agora eu nunca sei quando é pra comentar e quando não é...
Mãe, to com medo da Bru :(

Anônimo disse...

Revolte-se... rebele-se... screva tudo q tem vontade... com conciencia de q vc um dia foi um dos "senhores perfeitos, isentos de egoísmo e falsidade, amigos idoneamente filhos da puta que me enchem o saco por míseras migalhas e me abandonam em seguida"... e talvez nunca deixe de ser.. como todo mundo...

Bruna disse...

►Adoro pessoas que comentam sem ter idéia do que tão falando...

Oh, Cristo.

Mário Henrique disse...

Por isso que eu fiquei quieto!

jan disse...

Lembrei desse.

:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

[Ricardo Reis]

Aline disse...

POXA!!!NÃO FIQUE CHATEADA SSIM VIU...BJINHOS

 
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