domingo, outubro 21, 2007

Zezé, a coragem e o exemplo da força das pequenas vitórias

domingo, outubro 21, 2007
"Na nossa escolinha de “excepcionais” da Santa Casa de Santos, tínhamos uma bandinha de música. Tocávamos instrumentos simples: reco-recos, chocalhos, pratos, tambores – e a Zezé tocava triângulo. Ou pelo menos era esse o desafio. Zezé tinha 15 anos, mas mentalmente era igual a uma criança de 3. Ela não conseguia segurar o triângulo, não conseguia bater no instrumento. Ria ou chorava a cada minuto, conforme experimentava o sentimento de alegria ou de frustração.

Zezé nos dava medo. E se ela pusesse tudo a perder no dia do show? E Zezé também morria de medo! Na turbulência inconsistente de sua mente, seguia a vontade de participar, de ser querida, mas tinha medo do fracasso. Nada claro, porém imensamente verdadeiro. Muitos ensaios, a professora no piano. Dia do show. Todos nós e Zezé.

Na hora exata, cada um de nós concentrado no que devia fazer. Esquecemos de Zezé. E na hora de o triângulo soar, ele soou... Era como as batidas cristalinas de uma alma pulsadas por um pequeno coraçãozinho...Aquele som, aquele triângulo tinham a proporção de um megaespetáculo do Pink Floyd. Ele dizia: “Eu, Zezé, existo e toco triângulo!” Três anos mais tarde Zezé morria, mas o exemplo da pequena vitória vencendo nossos medos jamais me abandonaria. Não importa quão difícil seja o memonto pelo qual estamos passando; Zezé sempre me relembra: “Eu existo e toco triângulo”. Você existe e toca as cordas da sua vida...a cada segundo."
José Luiz Tejon Megido.
O VÔO DO CISNE.
A Revolução dos Diferentes.
Página 32

quinta-feira, outubro 18, 2007

Meu chefe part. II

quinta-feira, outubro 18, 2007
Temos um colega aqui no banco que, mês passado, foi correr numa maratona na Argentina. Segue um trecho da conversa entre ele e meu chefe (sim, aquele do Jimi Hendrix)

Meu chefe: “Cabelo, quanto é uma maratona?”
Cabelo: “42 km”
M.C: “Ahn...e uma meia maratona?”
C.: “21km”
M.C.: “Ah, é metade mesmo?”
C.: “Lógico, né?”
M.C.: “Vem cá, e aqueles negão, lá? Os ‘canianos’? Correm muito mesmo?”

É...caniano. De onde será que eles provêm?

quarta-feira, outubro 03, 2007

Bancários

quarta-feira, outubro 03, 2007
Após o almoço, sem muita coisa pra fazer, meu chefe, uma colega e eu fomos passar tempo na Saraiva. Sou contra, principalmente no Shopping Eldorado onde tudo é exacerbadamente mais caro, mesmo assim, fui.
Estávamos na área de CD’s e DVD’s – sim, eles ainda compram CD’s – quando eu vi um show do Steve Vai. Meio que comentando sozinha, disse: “Putz, esse cara é phoda”. Eis que meu chefe se meteu na conversa entre mim e eu mesma.
“- Quem?”
“- Steve Vai”
“- Quem é ele?”
“- Um dos melhores guitarristas do mundo...toca muito!”
“- Ahn, veio um recentemente ao Brasil e deu uma guitarra ao Lula. Foi ele?”
“- Não, não...não sei quem foi, mas o Steve com certeza não foi”
“- É, era um negão...”
Pensei e pensei em algum guitarrista consagrado que tivesse vindo ao Brasil. Não cheguei à conclusão alguma. Então, numa tentativa falha, disse:
“- Ahn...será que não foi o Ben Harper?”
“- Quem? Não, não...nem conheço esse ai”.

A conversa morre e, uns dez minutos depois, ele vem até mim todo feliz:
“- Já sei quem foi...Lembrei! Foi o Jimi Hendrix!”

Meu rosto passou gradativamente de um semblante interressado a um ponto de interrogação, e pouco depois, indiganação.

“- Não, Mau...definitivamente não foi o Jimi”
“- Não? Mas porquê?”
“ – Porque ele morreu...e faz um tempinho”
“- É, então não devia ser ele mesmo. Ah, o negão parecia com esse aqui” – disse ele enquanto apontava para o CD do Lenny Kravitz. Eu disse:
“- Quem, o Lenny Kravitz?!
“- Ele mesmo!”

...Eu digo que meu mundo é bizarro. Aliás, eu acho que o dos outros é que é.

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terça-feira, outubro 02, 2007

Personal Hell

terça-feira, outubro 02, 2007
Eu queria escrever sobre uma pessoa. Mas não vou. Com certeza ela não entenderia e, pior, mesmo se entendesse, duvido que faria algo pra mudar. Prefiro continuar na ilusão.

Eu queria escrever sobre a merda que é trabalhar onde trabalho. Sobre quão insuportável é quando as pessoas se referem ao seriado “Êroes”, sobre o fato de ninguém ao meu redor andar de ônibus ou metrô, sobre quão inaceitável é saber que na área de câmbio ninguém fala inglês e ouvir constantemente: “Pra mim te enviar esse contrato”.

Eu queria escrever sobre como estou me fudendo na faculdade desde que entrei aqui – chego atrasada em todas as aulas e morro de cansaço quando estou lá.

Eu queria escrever sobre a revolta que me deu hoje cedo quando, em conversa, uma colega formada em direito e analista pleno me disse: “Estagiar aqui é uma máscara. Isso aqui é mão de obra barata.” E disso ela entende, começou estagiando também e hoje se arrepende de ter se acomodado tanto tempo.

Eu queria escrever sobre minha total falta de vontade de fazer qualquer coisa, mas isso me faz sentir egoísta, afinal, realizei um grande sonho. Ganhei/comprei um carro há pouco mais de duas semanas. Estou tento aulas de volante e I don’t suck at it. Mas só o que consigo pensar é sobre minha frustração profissional – e sobre como eu odeio ir mal nas provas.

Desculpem-me, pessoas felizes, mas no momento, eu odeio vocês.

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