segunda-feira, dezembro 17, 2012

O Sonho

segunda-feira, dezembro 17, 2012
Estávamos no carro, em meio ao trânsito em plena 23 de Maio, Paulo (o Coelho) e eu, no que bem podia ser uma volta para casa nesta segunda feira chuvosa.

Ele estava ao volante e eu, no passageiro no que parecia ser o meu carro. Ele era quem de fato ele é. Assim como eu era quem de fato sou. Mas ele se dirigia a mim de igual para igual. Não como se fôssemos amigos, tampouco como se eu fosse uma celebridade, muito menos como se ele fosse alguém normal, mas como se fôssemos dois conhecidos, apresentados por amigos em comum, tentando arrumar assunto naquele momento que para dele devia estar sendo tedioso, enquanto de minha parte, eu segurava toda uma vontade de gritar e perguntar-lhe todas as coisas quero, um dia, lhe perguntar.

Subitamente, lancei:

“-Ah, mas você é escritor. É livre. Pode fazer seus próprios horários e definir suas prioridades”.

Ao que ele me respondeu:

“-É, sou escritor. E isso tem segurado as pontas, mas as últimas duas semanas... Nossa, essas ultimas duas semanas estão bem difíceis”.

Não sei porque, mas no sonho eu sabia que essa dificuldade narrada tinha um cunho financeiro. Lancei-lhe uma interrogação com o olhar. Ele continuou:

“- A Dalva... sabe a Dalva?”

Consenti. Mas não fazia idéia de quem fosse a Dalva.

“- Ainda ontem estava conversando com a Dalva e ela tem materiais incríveis. Ela me disse que nem metade de seus livros foi publicada... Quero dizer, não está fácil”.

Abaixei a cabeça e comecei a chorar. Ele não entendia. Será que eu estava tão compadecida pela pobre Dalva a ponto de debulhar-me em lágrimas?

“Não, Paulo... É que você não sabe meu caminho até aqui. Estou justamente no ponto onde quero girar minha vida 180°, largar um emprego no qual ganho um bom salário e poderei ganhar ainda mais justamente para me dedicar à vida incerta de escritora e agora você vem me falando que talvez a parte financeira seja justamente a mais importante e que possivelmente eu estive no caminho certo o tempo todo sendo que o caminho certo sempre me foi tido como o errado?”

Ele me fitou sem respostas. Meio atônito.

Eu acordei.

[Inconclusivo mesmo depois de acordada. Preciso pensar. Volto em breve]

 
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