quarta-feira, dezembro 11, 2013

Do dia a dia e do senhor feliz

quarta-feira, dezembro 11, 2013
Hoje eu fui até um hipermercado aqui de São Paulo tentar achar os últimos preparativos para a noite de natal. Neste hipermercado há uma singela praça de alimentação daquelas que, de tão gordurentas, te dá entupimento do miocárdio só de atravessá-la. Porém, é caminho obrigatório para chegar ao hipermercado e refúgio daqueles que trabalham na região e querem fugir das marmitas diárias.

Pois bem. Ao que eu estava passando, me deparei com um senhor sentado à uma das mesas. Ele não devia ter menos do que 80 anos. Era bem velhinho mesmo. Sua expressão corporal me fez pensar que estava à espera de alguém, mas não havia ninguém que estivesse se aproximando dele. Contudo, não foi sua solidão que me chamou atenção. À frente deste senhor visivelmente idoso, havia uma enorme, mas enorme mesmo, porção de batata frita com vários condimentos em cima. Não consegui e sorri abertamente. Acho que ele sequer notou mas eu o fiquei encarando naqueles poucos segundos nos quais eu passava por ele. Gostaria de ter tirado uma foto ou melhor ainda, gostaria de ter me sentado e conversado com ele. Afinal, em tempos que todos procuram diminuir o colesterol ruim, se preocupam com hipertensão, infarto e mais um tanto de doenças praticamente obrigatórias, lá estava aquele senhor sentado na praça de alimentação de um hipermercado se deliciando com aquelas apetitosas batatas fritas gritando silenciosamente um grande FODA-SE para tudo.

Eu sei que temos que nos preocupar com nossa saúde. Mas será mesmo que adianta comermos um franguinho no almoço e uma saladinha na janta enquanto nos entupimos de café no horário de trabalho e nos estressamos além do que é possível imaginar com trânsito, gente folgada, cobrança, dinheiro, status?
Enquanto eu me perguntava tudo isso, terminei os meus afazeres e voltei pelo mesmo caminho. O senhor ainda estava lá, e ainda trabalhando em demolir aquela montanha de carboidrato com óleo. Ainda sozinho. Mas querem saber o melhor? Ele estava com uma expressão extremamente feliz. E sem culpa.


Não tirei foto nem sentei com ele. Mas espero guardar para sempre na memória a imagem daquele senhor enrugado, de óculos finos e boina marrom, sentado sozinho comendo batata frita, sapateando mentalmente na face da sociedade hipocritamente saudável e aparentando, acima de tudo, estar em paz.

segunda-feira, maio 27, 2013

Mãe

segunda-feira, maio 27, 2013
As pessoas se surpreendem quando eu falo que não quero ter filhos. Engraçado que a sociedade, por mais avançada que esteja, ainda se prende à conceitos tão engessados como a obrigatoriedade que a mulher tem quem querer ter filhos.

Confesso que já argumentei o porque do “não” de várias formas. Já me prendi à idade, aos meus sonhos e vontades pessoais, ao meu egoísmo, à condição social. Mas acho que a verdade é uma só: eu sei o grande caos que uma mãe pode causar na vida de um filho. Eu sei que há uma ligação espiritual entre os dois que faz com que a cria tenha uma necessidade sempre quase patológica de agradar sua progenitora que, por sua vez, usará de sua influencia sempre que possível para persuadir seu filho a fazer aquilo que ela acha certo. Ou aquilo que lhe convém.

Às vezes, uma coisa dita, lá atrás é o suficiente para marcar negativamente a vida do seu filho para sempre. Às vezes, uma mãe pode ser o motivo da infelicidade de seu filho mesmo sem saber.

É uma responsabilidade muito grande. Não acho que um dia estarei pronta.

 
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