terça-feira, abril 26, 2011

Sobre ausência de valores

terça-feira, abril 26, 2011
O ser humano é engraçado.

Eita bicho teimoso! Não consegue, ou cisma em não querer, racionalizar as coisas e estabelecer um conceito simples como valor ético.

O que mais vemos, especialmente no Brasil, é uma constante inversão de valores. Acho que esse é o problema-primórdio em nossa cultura. Talvez por termos tido uma colonização de extração, foi-nos empurrado goela abaixo a idéia de que sempre é possível tirar vantagem das coisas. Sempre é possível ganhar em cima dos outros seres. Resultado: somos um país de oportunistas.

O brasileiro não pensa. Ele vai de acordo com a maré. E se a maioria acha que ilicitudes não são tão problemáticas assim, ele segue essa linha de pensamento.

O cenário mais extremista que se pode analisar são as cidades nas quais o tráfico impera. Em tais cidades, a imagem venerada é a do ladrão, do bandido, do traficante. Sua linguagem pobre e marcada por vocábulos fracos e típicos é imitada por crianças e adolescentes que passam a achar que esse é o caminho certo. Automaticamente, presumem que um caminho um pouco mais digno, com menos gírias, um vocabulário mais requintado e uma vestimenta adequada, é um caminho vexaminoso.

O brasileiro é tão falho no ato de pensar que, bastou um filme de qualidade mediana que enaltecia a polícia do Rio de Janeiro, para que a imagem do bem fosse novamente revelada. Hoje, grande parte da população venera o Capitão Nascimento e sua raiva reprimida. Como essa idolatria é para o lado do bem, ok, vamos criar caso. Mas ai, eu pergunto: até quando essa paixão vai perdurar? Na minha cabeça, basta um novo filme com outro personagem caricato, como o Zé Pequeno, para que os valores se invertam novamente.

Jogo RPG desde os saudosos 13 anos. Leio desde que aprendi essa arte. Gosto de utensílios tecnológicos desde que me meu pai, há 16 anos, me deu um computador. Uso a palavra “deveras” desde que a li pela primeira vez em algum conto de Machado de Assis. E faço mais um tanto de coisa que a sociedade (principalmente a escolar) sempre taxou como “nerdice”. Eu e meus amigos. Nunca fomos venerados por pensar, por racionalizar ou por entender com facilidade o que algumas pessoas não entendem em anos. Nunca nos sentimos maximizados ou diminuídos por isso. Apenas, nos refugiávamos em pequenos grupos onde essa diferença com o resto da sociedade não era tão gritante.

Hoje, com a famigeração do propósito nerd espalhado através de seriados como The Big Bang Theory, temos um novo grupo de brasileiros emergindo: os pseudo-intelectuais. Não, não estou dizendo que eles estão sendo criados, afinal, eles sempre existiram e, para meu pavor, sempre fizeram parte da minha vida. Ressalto que eles estão emergindo, colocando a cabeça para fora da superfície e tomando fôlego e força para, mais uma vez, reinverterem os minguados valores que temos em nossa sociedade.

Os pseudo-intelectuais são piores do que pragas em plantações! Eles acham que entendem, acham que pensam, acham que expressam, acham que são. Mas não são, não expressam, não pensam e, pior de tudo, não entendem. Mas comentam! Ah, como comentam! Metem o bedelho em todas as conversas, querem participar, opinar! Querem desesperadamente fazer parte da galera dos inteligentes e olham ao redor com orgulho quando percebem que conjugaram um verbo corretamente. Como se isso fosse algum mérito ao invés de uma obrigação inerente a qualquer cidadão alfabetizado.

Eles querem brilhar em sua resposta, mas sequer entenderam a pergunta!

Se você está num ambiente no qual não tem idéia do que estão falando, ou do porquê de estarem falando daquilo, fica a dica: fique quietinho, preste atenção, deixe quem manja do assunto falar, colha informações e só se pronuncie quando perguntarem sua opinião. E se vc estiver em dúvida, não hesite em perguntar! Ninguém gosta de um sabichão.

Afinal, "não se mede a inteligência de alguém por suas resposta, mas sim, pela qualidade das perguntas."
 
Design by Pocket Distributed by Deluxe Templates