quinta-feira, janeiro 08, 2009

Sobre a Reforma Ortográfica

quinta-feira, janeiro 08, 2009
Eu já escrevi sobre este assunto no fim de 2007, quando primeiro se foi falado sobre a real possibilidade de termos alteradas as normas gramaticais tão sofridamente aprendidas nos saudosos tempos colegiais. E como já era esperado de minha parte, e de outrém, minha opinião não mudou. Ainda penso ser uma patacoada, um despautério, um despropósito essa dita reforma ortográfica.

Entenda bem, prezado leitor, não sou uma tradicional extremista que vê com preconceito qualquer tipo de mudança. O que não aceito são atitudes espalhafatosas, e principalmente desnecessárias, de um governo e seus incontáveis ministérios, que deviam ter mais com o que se preocupar. A Constituição ninguém revisa, mas a rica e preciosa língua portuguesa tem que sofrer rebaixamentos para que o povo tenha a falha sensação de algo está sendo feito?

E o pior é que, por mais que nossas autoridades cismem que querer me convencer de que a idéia é padronizar a língua, eu só consigo entender que essa iniciativa irá nivelar por baixo, empobrecendo daquilo que temos de tão bom.

Convenhamos, o português não é fácil. Passamos a vida toda o falando, ouvindo, escrevendo e pensando, e ainda assim cometemos atrocidades com o pobre. Inumeráveis são as palavras que nem sabemos que existe, centenas são as que nem chegaremos a usar durante nosso período de existência. Sim, é uma língua complexa. Suas regras, normas, exceções, seus gêneros, números, modos. Os verbos. Tudo isso deixa um estrangeiro louco. Mas, convenhamos novamente, é uma língua linda. Completa. Sonora. É algo que temos que nos orgulhar, não alterar. Se os outros países que também o falam sentem a necessidade de sua uniformização, eles que se adequem a nós, oras. Ou será que nossos governantes não os julgam capazes o suficiente de aprender as regras de acentuação?

Lembro de ter lido, no começo desse despropósito, que Portugal estava hesitante em assinar o acordo que previa a padronização. Certos eles! A língua, mais do que qualquer outro folclore, é a identidade de um povo, sua cultura. Não se pode sair por aí colocando cabresto e exigindo falas robóticas. Por algum acaso se vê EUA querendo padronizar seu inglês com a Inglaterra? Eu sei que as diferenças de um e outro não são tantas como entre Brasil e Portugal, mas uma coisa eu te garanto, leitor: aprenda inglês americano e vá passar um tempo na Inglaterra que esses pequenos detalhes passarão a ser um continente de impossibilidades.

O senhor Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras, afirmou: "Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido". Pois eu responderia aos redatores: “Ora, deixem de preguiça!”

Mas para provar que não sou tão inflexível quanto aparento, confesso que de todas as mudanças, achei interessante a inclusão do hífen em casos que o primeiro elemento termine com a letra da mesma classe que começa o segundo.

E para provar que essa reformar apenas emburre e não simplifica a língua, lê-se em suas novas regras: “Prefixos como ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró e vice seguem regras específicas e podem exigir ou não o uso do hífen”.

Então, tá, obrigada. Não ajudou em nada.

1 comentários:

Paulo disse...

Mais uma vez, você disse exatamente o que eu penso.

Beijos!

 
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