Entenda bem, prezado leitor, não sou uma tradicional extremista que vê com preconceito qualquer tipo de mudança. O que não aceito são atitudes espalhafatosas, e principalmente desnecessárias, de um governo e seus incontáveis ministérios, que deviam ter mais com o que se preocupar. A Constituição ninguém revisa, mas a rica e preciosa língua portuguesa tem que sofrer rebaixamentos para que o povo tenha a falha sensação de algo está sendo feito?
E o pior é que, por mais que nossas autoridades cismem que querer me convencer de que a idéia é padronizar a língua, eu só consigo entender que essa iniciativa irá nivelar por baixo, empobrecendo daquilo que temos de tão bom.
Convenhamos, o português não é fácil. Passamos a vida toda o falando, ouvindo, escrevendo e pensando, e ainda assim cometemos atrocidades com o pobre. Inumeráveis são as palavras que nem sabemos que existe, centenas são as que nem chegaremos a usar durante nosso período de existência. Sim, é uma língua complexa. Suas regras, normas, exceções, seus gêneros, números, modos. Os verbos. Tudo isso deixa um estrangeiro louco. Mas, convenhamos novamente, é uma língua linda. Completa. Sonora. É algo que temos que nos orgulhar, não alterar. Se os outros países que também o falam sentem a necessidade de sua uniformização, eles que se adequem a nós, oras. Ou será que nossos governantes não os julgam capazes o suficiente de aprender as regras de acentuação?
Lembro de ter lido, no começo desse despropósito, que Portugal estava hesitante em assinar o acordo que previa a padronização. Certos eles! A língua, mais do que qualquer outro folclore, é a identidade de um povo, sua cultura. Não se pode sair por aí colocando cabresto e exigindo falas robóticas. Por algum acaso se vê EUA querendo padronizar seu inglês com a Inglaterra? Eu sei que as diferenças de um e outro não são tantas como entre Brasil e Portugal, mas uma coisa eu te garanto, leitor: aprenda inglês americano e vá passar um tempo na Inglaterra que esses pequenos detalhes passarão a ser um continente de impossibilidades.
O senhor Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras, afirmou: "Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido". Pois eu responderia aos redatores: “Ora, deixem de preguiça!”
Mas para provar que não sou tão inflexível quanto aparento, confesso que de todas as mudanças, achei interessante a inclusão do hífen em casos que o primeiro elemento termine com a letra da mesma classe que começa o segundo.
E para provar que essa reformar apenas emburre e não simplifica a língua, lê-se em suas novas regras: “Prefixos como ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró e vice seguem regras específicas e podem exigir ou não o uso do hífen”.
Então, tá, obrigada. Não ajudou em nada.
1 comentários:
Mais uma vez, você disse exatamente o que eu penso.
Beijos!
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