quarta-feira, janeiro 30, 2008

Sobre como eu deveria ou não ser

quarta-feira, janeiro 30, 2008
Eu realmente queria me entender mais. Ou, no mínimo, ser mais normal.
Juro que se eu não sair logo desse banco, eu me mato. Ou, no mínimo, mato alguém.

Estou trabalhando aqui há oito meses. Nunca gostei do trabalho, afinal, ter uma HP como companheira inseparável realmente não fazia parte dos meus planos. Sempre odiei conta e, quando menos percebi, estava discutindo com outros analistas riscos e créditos.

Eu precisava do dinheiro – e convenhamos, eles não pagam mal – e odiava o trabalho. Minha mãe me aconselhou: “Fica um ou dois meses e sai.” Esses poucos meses passaram e já ouço as vozes da efetivação se aproximando. De início, até fiquei contente, afinal, meu salario dobraria. Mas a empolgação durou menos de três dias. A verdade é que trabalhar no Back office é assinar atestado de burro. Aqui, respondemos por tudo o que dá de errado (sendo ou não nossa culpa) e nunca ficamos com os louros de termos adequado uma operação que nem Deus entenderia. Ao ler isso, meu leitor deve imaginar que o Back é um setor pequeno, insignificante. Ledo engano. Este departamento conta com pouco mais de 200 pessoas. É gente pra burro! E ainda sim, não temos voz ativa para nada. Mesmo quando alguns revoltosos como eu tentam clamar por algum tipo de mudança, são logo calados por aqueles já marcados por tanta porrada.

Comecei o post dizendo que queria ser mais normal. E é verdade. Junto comigo, entraram dois amigos meus da faculdade no mesmo setor. Eles nunca se indispuseram com ninguém. Nunca levantaram suas vozes quando enxovalhados por chefes ou pseudo-chefes. E hoje mesmo, enquanto eu me corroia por dentro por não ter dito mais verdades sobre um caso, um desses meus amigos passou, me cumprimentou e trocou duas palavrinhas sem graça com outra funcionária. Os dois forçaram risos e foi cada um para um canto. Cena típica do mundo corporativo. Eu sei que ele não está feliz fazendo o que faz, pelo menos, é o que ele me diz. Mas pelo menos, ele consegue fingir muito bem. Acho que no fundo, ele quer fazer parte desse mundo. Já eu, não.

Nesse tempo que estou aqui, já tive atritos fortes com duas pessoas e troquei vários e-mails ríspidos com coordenadores, sênior e analistas. Não gosto de pensar em mim como encrenqueira, mas simplesmente não aceito que me diminuam. Faço questão de ser sempre educada, seja com quem for. Chego a extremos de pedir milhões de desculpas quando faço alguma besteira e sempre me acautelo para não cometê-las mais. Por isso, acabo criando uma guerra quando sofro com falta de educação ou grosseria desnecessária. Seja por meu erro ou de outrém.

Há poucos tive uma reuniãozinha com meu chefe. Ele refez toda uma operação que deu problema ontem e confirmou que eu estava correta. Então, disse que não podia me corrigir em nada. Que a operação e os cálculos tinham sido perfeitos. Porém, ele me aconselharia em não bater de frente com os temidos integrantes da área comercial. Segundo ele, até mesmo o nosso Superintendente abaixava a cabeça para um simples estagiário desta área.

Então eu disse que eu não era assim, que não temia ninguém além dos meus pais. Disse que eles podiam envolver Deus nos e-mails que eu manteria minha posição. Que pelo setor, eu até podia tentar pegar leve, mas que por mim, eu destruiria a guria que causou todo esse furdúncio com apenas duas palavras. Ele disse que sabia disso. Deu um leve sorriso e encerramos.

Tenho um certo orgulho de ser assim. Mas às vezes, acho que seria mais prudente temer certas coisas.

3 comentários:

Leósias disse...

Penso assim as vezes.

Mas ainda prefiro me lamentar pelo q fiz do q pelo não fiz...

Isso qdo lembro de me lamentar, heheheheheh.

Bjos e paciênca para nós. Precisamos.

Anônimo disse...

É.. conheço bem backoffice de bancos de crédito, já atendi esse povo.
Bom, numa coisa (e em muitas outras) eles têm razão, "pessoal comercial é Deus", se o comercial não vende o banco fecha. back-office taí pra arrumar as cagadas e fazer os front-offices parecerem (e serem, na medida do possível) mais eficientes. Ganham bem pra isso.
Querida "eu de saias", é mais um trabalho, trampo é trampo, é um jeito de levantar grana pra fazer as coisas que gosta, não se engane, você "nunca" vai encontrar um trampo que te realize (ainda mais sendo virginiana), sossega.
beijos

Paulo disse...

Acho que no mundo corporativo, ou em qualquer outro, a gente aprende a conviver, só isso. Eu sempre quis mudar o mundo, até o dia em que entendi que o único mundo que posso mudar é o meu. A partir daí, o emprego virou fonte de recursos para meus projetos pessoais. E ele fica bem mais suportável assim.

Força!

 
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