quinta-feira, dezembro 13, 2007

Sobre coisas que eu não deveria pensar

quinta-feira, dezembro 13, 2007
Este post é sobre uma pessoa. Não é uma crítica, nem um elogio. É mais um pensamento egoísta sobre a mudança de comportamento.

Eu tenho uma amiga, sabem. Acho que deve ser a pessoa que eu conheço a mais tempo. Somos vizinhas desde os 9 anos e amigas desde os 12. Creio ter passado por basicamente todas as fases dela. Fases inerentes à qualquer jovem. O primeiro amor, o primeiro beijo, o primeiro namorado, primeira transa, primeira decepção, primeiro emprego. A escolha da facul, a vontade de largar a facul, a insistência em continuar. Passamos por muitos “primeiros” juntas e, talvez o que nos difere, é que passamos por muitos “outros”, “mais uma vez” e “de novo”, também.

Assisti ao longo de todos esses anos aquela guriazinha chata com o rei na barriga (e que usava várias calcinhas para ficar com a bunda maior), que sonhava em ser modelo (passando por lapsos em que queria ser cientista) se transformar numa historiadora curiosa, questionadora e muito inteligente.

A questão é que, quando pequenas, as crianças acham que melhores amigos são aqueles são exatamente iguais a você e ai brigam quando, ao crescer, os amigos se tornam seres individuais com gostos e vontades próprias. Isso aconteceu comigo e minha amiga. Não foi simples ver aquela menina quase leviana se tornar uma intelectual. Mas ela o fez e eu fiquei do lado dela. Só que ela fez um trabalho tão bom, que eu me acostumei com aquela personalidade. Passei a achar que combinava com ela os livros com cheiro de mofo que ela tanto gostava.

Ao olhar para ela em seu futuro, eu realmente a via em seu apartamento com decoração de vovó, tomando chá com torradas na companhia de seus amigos eruditos. De fundo, talvez Edith Piaf, ou aqueles outros cantores franceses que ela sempre me forçou a ouvir.

Hoje, porém, me surpreendi com o que ouvi. Essa minha amiga, há pouco, comprou uma câmera digital, então, fui perguntar a ela algumas informações, já que há tempos quero comprar uma também.
Mais do que prontamente, ela me passou todas as informações que eu perguntara e ainda completou: “ O próximo passo é um iPod nano”. E ai, caro leitor, se deu meu soco no estômago.

Essa minha amiga, futura professora de história, sempre teve certo, ãh, repúdio por tecnologia. Lembro quando numa festa de confraternização da empresa onde trabalhávamos, ela ganhou um MP3 num sorteio, olhou pra mim e perguntou: “O que eu faço com isso?”

Essa minha amiga e modernidade não andam muito lado a lado. Até onde me lembro, ela não sabia formatar um computador, mas comprou um fodástico recentemente. Preferia um simples CD Player à um MP3 e hoje, sonha com um iPod. Não a vejo mais todo dia, mas aposto que deve estar venerando PlayStation e em breve, vai querer um Wii.

“Oras, Bruna, as pessoas mudam. Você não aprendeu isso ainda?”. É, eu aprendi. O problema é que eu não sei até onde ela está mudando porque quer e até onde é influência do namorado. Ele é assim mesmo. Mas sempre foi. Já ela, outra historia.

Quando eu mostrei Matanza para ela, ela torceu o nariz. Não sei se ele fez tratamento de choque, mas, agora, por ele gostar, ela adora e quer ir em todos os shows.

Talvez seja ciúmes, inveja, sei lá, chamem do que quiser. Eu caracterizo como perda de referências. Não dela, minhas. E repito, é egoísmo mesmo. Como eu já havia dito ao Aléssio, “amigos acham que te conhecem melhor do que você mesmo”. E não gostam de estar errados.

Mas querem saber? Eu realmente acho que, por vezes, seu amigo te conhece melhor do que você.

E espero que minha amiga não esteja se anulando.

9 comentários:

Mário Henrique disse...

Não, ela não está. Pode ter certeza. Ela me obrigou a assistir o filme da Piaf e também o Detroit Rock City. Os meus dos irmãos Marx estão mofando, mas se ela quer a gente assiste.

Sobre o Matanza, ela também não gostou quando eu mostrei. Acho que ela gostou por culpa do Alessio. Então nós dois ficamos chupando o dedo.

Se você acha que ela tá tecnológica demais, devia ter visto eu tendo que ir lá pra instalar a multifuncional (cara, só tinha duas entradas pra cabo - a da tomada e a usb, mais simples impossível). E a camera ela tá querendo outra desde que a irmã fodeu com a dela.

Sua amiga não está se anulando. Nós dois já nos anulamos muito um pelo o outro e isso não deu certo. Agora a gente pega o que gosta do outro e aproveita. Ela foi no Blind Guardian comigo, mas eu fui no Ben Harper e no Marilyn Manson. É uma troca...

Mas eu acho sim que vocês estão muito afastadas. Agora eu e você temos carro... Demorou, não?

Bruna disse...

Então, eu acho que ela não devia falar como se entendesse de tecnologia.

Dá um ar muito arrogante, sabe?

É, eu tenho carro...dirigir é que é o problema. ¬¬'

Leósias disse...

Hã...

Me dá certo medo eu ser alguém de certa forma q está na margem de tudo e ser citado mesmo assim. Mas e já deveria ter me acostumado.

Nesse ponto tendo a concordar c/ o Mário (meso pq eu tb fui ver Piaf por causa da Jan c/ eles e eles oram comigo em uma exposição de figurinos da Cultura por causa da Mô).

E Bruna, vc me deve um e-mail, hehehehehehe...

Bjos

Mário Henrique disse...

Bruna, ela é arrogante... você mesmo disse "com o Rei na barriga".

Bruna disse...

O Rei na barriga se referia ao passado. Isso está claro.

Mário Henrique disse...

Então vocês realmente estão afastadas uma da outra.

Leósias disse...

Aimeudeusdocéu...

Alice Voll disse...

Bem,eu não acho nada demais a pessoa que nao gosta de tecnologia passar a gostar,eu mesma sempre falo q uma tv de plasma ou lcd,nao me apetece,mas vai saber se daqui ha alguns anos eu vou querer uma,acho isso bem normal!
as pessoas mudam os gostos mudam e isso nao e errado!
agora se como vc disse e so por causa do namoradinho,realmente,assim sim e tosco!



.*

myrelate disse...

Oi, não creio que ela esteja se anulando, apenas revendo seus conceitos. Pode manter seus gostos antigos ou não. Difícil opinar, mas achei vc muito corajosa em expor em seu post tantos sentimentos e opiniões de alguém querida. Bj

 
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