segunda-feira, agosto 30, 2010

On bended knees is no way to be free

segunda-feira, agosto 30, 2010
Eu estava pensando, subitamente, em como é ruim saber que se está no único lugar do mundo que você não gostaria de estar no momento. É claro que, nesta suposição, estou excluindo hospitais, necrotérios e delegacias.

Acho que o ser humano, em especial o cidadão brasileiro, tem por hábito o nivelamento por baixo. Se a pessoa tem um emprego que lhe pague R$ 1.000 ela vai se dar por satisfeita, pois, afinal, milhares são as pessoas em nosso país que mataria pai e mãe por ter um salário assim. Não, eu não estou exagerando.

Há alguns anos, eu estava no ônibus, voltando pra casa e já possuía o mau costume de escutar a conversa dos outros. Oras, se eles não se preocupam em falar baixo, por que eu devo me esforçar em não escutar? E acrescento que tirei muitos ensinamentos das conversas que ouvi. Pois bem, desta vez, havia uma garota, provavelmente com idade semelhante a minha, falando com orgulho do seu salário de pouco mais de R$ 500,00. Ostentava com orgulho o fato de no dia seguinte receber um vale de R$ 200,00. Nessa época eu ganhava três vezes mais do que ela e já era insatisfeita. O que estou tentando dizer é que as pessoas se contentam com muito pouco. Logo, se elas estão recebendo um salário, mesmo que medíocre, e não estão chorando em necrotérios, hospitais ou delegacias, pressupõem que suas vidas são boas. E eu não penso assim. Claro que poderia ser pior, mas também poderia ser bem melhor. Em aliás, deveria ser bem melhor.

Vim trabalhar ouvindo a trilha de Into the Wild. Sempre ouço Society quando quero me exilar. Quase voltei pra casa alegando qualquer coisa que abonasse minha ausência. Mas a responsabilidade é algo que me acompanha desde muito cedo. Às vezes eu gostaria de ter sido criada pelo pai. Numa situação dessas, ele simplesmente não hesita em não se torturar indo para um lugar onde ele não queira estar. Mas, na verdade, de nada me adiantaria não vir pra cá hoje. Afinal, o amanhã sempre chega. Seria apenas adiar o martírio de encarar a realidade.

Logo, volto ao início do post. Como é ruim estar no último lugar que você gostaria de estar.

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